Privatização dos Correios: entenda por que privatizar não é bom e quem perde é você

Apesar de estar presente em todos municípios e prestar um serviço extremamente essencial à população, o governo colocou os Correios no topo da lista do pacote de privatizações.

Prédio dos Correios em Brasília / Foto: Reprodução

A notícia de que o governo Bolsonaro autorizou o estudo para privatizar os Correios e demais estatais é péssima. Ela pretende transformar novamente o Brasil subserviente aos países de economias mais ricas, sendo assim regulado pelos interesses do capital privado, deixando de gerar riqueza para o país e condenado a perder sua soberania. E quem só perde com isso é você!

A empresa de Correios brasileira sempre foi sinônimo de confiança, credibilidade, eficiência e lucrativa, tanto é que se voltarmos 11 anos, mais precisamente em 2008, os Correios teve um faturamento recorde na casa dos R$ 11 bilhões de reais. Já em 2011, o lucro líquido da empresa foi de R$ 882,7 milhões e, no ano seguinte em 2012, obteve um lucro líquido acima de R$ 1 bilhão de reais, quase 20% superior ao ano anterior. Com números tão expressivos ainda há quem duvide de sua competência?

O crescimento da receita total dos Correios, entre 2010 e 2014, foi de R$ 4,4 bilhões.  E, consequentemente, ano após ano, a empresa vêm aumentando seu faturamento, chegando a apresentar um lucro de R$ 667 milhões em 2018.

Além dos Correios, as demais estatais federais, sejam elas de controle direto ou não, apresentaram números que abrem os olhos do empresariado e do capital estrangeiro por conta de serem extremamente eficientes e lucrativas.

O governo federal publicou um boletim das empresas estatais federais, no site do Ministério da Economia (clique aqui), onde o próprio Governo Bolsonaro afirma que a tendência de crescimento e lucratividade das empresas públicas federais só cresce.

O documento informa que no período acumulado do ano de 2017 até setembro de 2018, elas juntas registraram lucro de R$ 51,9 bilhões. Já no mesmo período do ano anterior, o resultado também foi positivo foi de R$ 25,4 bilhões. Ficando evidentemente claro uma alta expressiva de 104,5%.

Esses dados são oficiais e publicados pelo Ministério da Economia no dia 18 de janeiro de 2019.

Um dado que também chama atenção é que dentre os grupos analisados, o melhor resultado foi apresentado pelo Grupo Petrobras, que passou de um lucro de R$ 5,7 bilhões até setembro de 2017 para um lucro de R$ 23,7 bilhões – alta de 312,6% no período.

Atualmente, o governo federal tem controle direto e indireto em 135 empresas estatais. Em dezembro de 2017, elas eram 146. Em 2016, quando foi publicada a primeira edição desse boletim, havia 154 empresas. Dados que comprovam uma redução no número de empresas públicas federais desde 2016. Isso te faz lembrar de algo?

Até o início dos anos 2000, uma das justificativas para o processo de entrega das empresas estatais ao capital privado era de zerar a dívida externa e da dívida pública. Algo que não ocorreu. O que viu, foi do dinheiro evaporar-se e a dívida (incluindo a externa) só cresceu.

Foram arrecadados 78,6 bilhões de dólares pelo governo FHC, com as privatizações, e a dívida pública, que era de 78 bilhões em 1996, e que pulou para 245 bilhões em 2002, último ano do governo FHC. E, os trabalhadores dos Correios, resistiram a todos esses ataques e defenderam com unhas e dentes a permanência dessa empresa como pública e com a sua universalidade na entrega de cartas e encomendas.

Nós, trabalhadores dos Correios, não podemos assistir calados à venda de nosso patrimônio. A ECT é a única empresa presente em todos municípios brasileiros, e está no topo das 3 instituições de maior credibilidade no país. Algo que foi conquistado ao longo de décadas, séculos.

É preciso potencializar essa força e resistência da categoria, caso não iniciemos um forte movimento de luta. Estaremos fadados a perder nosso emprego e direitos.

Seja nas ruas, nas redes sociais ou no ambiente de trabalho, temos o dever de expor nossa posição contrária a qualquer tipo de privatização. Chegou a hora de tomar todos os espaços, seja nas redes sociais ou na política e defender os Correios e a nossa soberania nacional. Texto de Douglas Melo.