Transportadoras esperam demanda até 40% maior

Responsáveis por entregar aproximadamente 60% dos pedidos realizados nas lojas virtuais brasileiras, os Correios se prepararam para receber 47 mil objetos a mais por hora, totalizando 177 mil unidades, após realizar investimento de R$ 100 milhões em novos sistemas de automação.

Mirele Griesius Mautschke, presidente da DHL no país, contratou funcionários e aumentou a frota de veículos / Foto: Valor

As operadoras logísticas se preparam para um crescimento de até 40% no volume de encomendas durante a Black Friday. Para não enfrentar gargalos, reforçaram as estruturas de distribuição próprias e terceirizadas, contrataram temporários e investiram em tecnologia para o acompanhamento das entregas em tempo real.

"O destinatário quer fazer o gerenciamento da entrega. A possibilidade de rastrear o serviço garante mais previsibilidade ao cliente", disse a presidente da DHL Express, Mirele Mautschke. A executiva espera avanço entre 24% e 40% no volume de encomendas nesta edição do evento promocional ante um ano antes.

A multinacional alemã, que cresce nas categorias de moda e eletrônicos, contratou 60 funcionários para a Black Friday. Desde o início do ano foram contratadas 200 pessoas, aumentando o efetivo para 1 mil. A frota própria foi ampliada em 30 para 290 veículos. Para a Black Friday, a operadora esticou o prazo de entrega em até dois dias para dar conta da demanda.

Na Total Express, o diretor-geral, Ariel Herszenhorn, afirmou que a tecnologia também foi uma preocupação para melhorar o serviço para o consumidor. Em julho, a empresa começou a usar um software desenvolvido pela startup AgileProcess que permite o acompanhamento de todas as etapas da remessa. "Cerca de 75% das entregas são feitas com esse recurso. O entregador que atualiza as informações recebe um adicional na remuneração que varia entre 10% e 20%", disse.

O executivo prevê incremento de 40% no volume de pedidos. Normalmente, a movimentação é de 115 mil a 120 mil encomendas, mas neste período pode alcançar os 200 mil. Foram contratados 1 mil temporários para trabalhar na movimentação de carga e entrega. A Total vai dobrar as viagens feitas, principalmente com parceiros. A empresa de logística pertence ao Grupo Abril, que está em recuperação judicial.

Responsáveis por entregar aproximadamente 60% dos pedidos realizados nas lojas virtuais brasileiras, os Correios afirmaram, por meio de nota, que estão preparados para receber 47 mil objetos a mais por hora, totalizando 177 mil unidades, após realizar investimento de R$ 100 milhões em novos sistemas de automação. Além disso, foi aberto em São Paulo um centro de tratamento de cartas e encomendas com processo semiautomático de triagem que tem capacidade para 100 mil pedidos por dia.

A estatal projeta crescimento de 40% no volume de carga durante a liquidação, quando comparado com os demais meses do ano. Foi lançado um site para que os clientes acompanhem a movimentação das encomendas feitas durante a data comercial.

Para atender a demanda de lojas virtuais como Carrefour, Renner, Netshoes e Wine, a JadLog, que faturou R$ 480 milhões no ano passado, contratou 1 mil viagens adicionais de caminhões para o mês, além de 1 mil temporários para atuar na malha de veículos própria e de terceiros. Segundo o presidente da companhia, Bruno Tortorello, o número de encomendas diárias, que geral soma 70 mil, alcança até 200 mil no período.

Controlada pela europeia DPDgroup, a JadLog fez aporte de R$ 3 milhões para aumentar a frota própria e automatizar o centro de distribuição no Estado de São Paulo que atende 30 mil clientes. "Esta estrutura deve suportar o crescimento da companhia neste ano, de 20%, e para o próximo ano, diante da melhora da economia do Brasil", disse Tortorello. A  expectativa da empresa é entregar principalmente de eletrônicos, smartphones e cosméticos.

Otimista com o atual cenário político-econômico do país, Nadir Moreno, presidente da empresa americana de frete, logística e entregas rápidas UPS, estima volume 30% superior em relação a 2017. "Faz quatro anos que atuamos como provedor logístico na Black Friday no país e o evento vem ganhando mais importância. Nesta época, a receita média chega a cair porque o tíquete médio dos produtos é menor, mas o volume de encomendas compensa", afirmou.

A suíça Kuehne + Nagel se programou para alta de 15% nas encomendas, segundo o vice-presidente global de armazenagem, Gianfranco Sgro. "Tomamos o cuidado de não entrar nesta semana com pedidos pendentes ou atrasados. O movimento adicional gerado é positivo". Ele ressaltou que os operadores que se destacarem no período têm grande chance de obter contratos importantes. Por Alexandre Melo, Valor.