Correios fecham centro de distribuição na zona norte

Moradores da região precisam ir até o centro de Londrina para retirar correspondências

Desde o início de junho, quem vai até o CDD (Centro de Distribuição Domiciliária) dos Correios, no residencial Quadro Norte, na zona norte de Londrina, se depara com as portas fechadas. O local, que atendia uma região que contempla cerca de 60 bairros, teve seus serviços transferidos para o centro da cidade, na rua Bahia, 310.

O CDD funciona como espaço onde a carga postal é separada por ordem de ruas e de numeração. Além disso, ele abriga os carteiros responsáveis pelos trabalhos na região e funciona como ponto de retirada de correspondências, após as tentativas de entrega direto na residência acontecerem sem sucesso. "Vinha muita gente aqui. Quando dava o começo de mês a fila era enorme de pessoas. Muitas chegavam para retirar a correspondência antes mesmo de abrir o CDD. Agora ficou mais difícil", constata o cabeleireiro Igor Izideo.

Do antigo ponto para buscar cartas até o novo, a distância é de aproximadamente oito quilômetros. "Para quem é cliente ficou muito ruim. A maioria das pessoas trabalha no horário comercial, que é quando o carteiro faz as entregas, indo depois para o centro de distribuição. Mais uma vez a população tem que pagar pela má administração pública", lamenta Alexandre Maciel Marques. Dono de um restaurante próximo ao centro de distribuição fechado, ele afirma que até o comércio local foi atingido. "Estou perdendo clientes com isso."

Para o mecânico de bicicletas Anderson Inácio Santana, outro problema, além dos transtornos relacionados ao fechamento, foi a forma como isso aconteceu. "Não nos avisaram nada. Simplesmente não abriram mais e colocaram um cartaz avisando que agora é no centro. Até parece que fizeram isso escondido", constata. "A única coisa boa com isso foi a questão do movimento na rua, que era difícil de encontrar um lugar para estacionar. De resto, não trará benefício nenhum", diz Ivonete Costa.

Percurso improdutivo
Um dos funcionários que trabalhava no CDD da zona norte, e que pediu para não ser identificado, reclama do tempo que será gasto na locomoção até a região norte. "Aumentou o percurso improdutivo, que poderíamos usar para entregar correspondências. Quando a demanda é baixa, não atrapalha, mas quando é grande, e normalmente no começo do mês, as pessoas serão prejudicadas, porque vai atrasar".

Segundo ele, o fechamento também vai atingir a rotina dos funcionários dos Correios, pois eles terão que se deslocar para um lugar mais longe de onde moram. "É uma mudança muito radical. Temos a gratuidade no transporte coletivo, porém impacta mesmo assim. Quem precisa usar o carro para ir até a rua Bahia, com toda a certeza terá o orçamento encarecido", desaprova.

Através de nota, os Correios afirmaram que a incorporação do CDD Norte pelo Centro aconteceu como parte das medidas adotadas pela empresa para reduzir gastos e aumentar receitas, já que o local era alugado. "Todos os empregados e os equipamentos do CDD Londrina Norte foram transferidos para o novo local, de forma que não houve qualquer impacto para a distribuição postal em Londrina", justifica.

Entregas sofrem atraso, afirma sindicato 
A Empresa Brasileira dos Correios e Telégrafos registrou em 2016 um prejuízo em torno de R$2 bilhões. A crise, porém, começou há mais de dez anos, quando o sistema foi palco inicial do escândalo do Mensalão. Desde então, a estatal vem registrando uma grande crise, que se agravou recentemente, com fechamento e fusão de agências, e o plano de demissão voluntária para seus funcionários.

Segundo Cristian Pires, diretor regional do Sintcom-PR (Sindicato dos Trabalhadores nos Correios) do Paraná, isto tem feito com que a entrega das correspondências sofram atraso e os trabalhadores fiquem sobrecarregados. "Estes transtornos vêm sendo causado pelos aposentados ativos, que estão saindo da empresa. Isso impacta diretamente na vida de todos. Estamos buscando ações para reverter estas situações", afirmou.

A Vila Casoni, na região central, foi uma das localidades que já registraram problemas em razão da demora para a entrega de cartas. "Antes os carteiros passavam todos os dias. Hoje é uma vez ou outra por semana. Acaba acumulando as correspondências, principalmente boletos. Não cheguei a pagar atrasado, mas estamos enfrentando essa dificuldade", reclama a auxiliar de serviços gerais aposentada, Maria Aparecida Sisti.

Para tratar destes assuntos e apresentar as demandas da categoria, o sindicato está buscando uma reunião com a direção dos Correios. "Também vamos levar estas demandas, entre outras, como a segurança dos carteiros, para a os vereadores da Câmara Municipal", projeta Pires.

Em resposta sobre o atraso nas entregas, os Correios garantiram que não há registro deste tipo de problema em Londrina.(Por Pedro Marconi, Folha de Londrina)