Agência dos Correios é fechada no aeroporto e mais três terão o mesmo destino no Estado

Desde o dia 1º de abril, o Sul da Ilha conta com uma agência no bairro Costeira, em Florianópolis. Unidades do Estreito e do Centro Histórico de São José também encerrarão as atividades

As unidades no Centro Histórico de São José e do bairro Vila Nova, em Joinville, interrompem o atendimento no dia 1º de maio. Já o posto do bairro Estreito, na Capital, que funciona há 42 anos na esquina entre as ruas Coronel Pedro Demoro e Antônio Gomes, encerra as atividades no dia 1º de junho. “Estou surpresa com a notícia. Frequento essa agência desde criança e não sabia do fechamento. Neste momento nem sei onde vou procurar atendimento, mas acho que terei de ir até o Centro”, lamentou a dona de casa Célia Honorato, 32 anos.

Das 6.500 agências em todos os municípios brasileiros, a empresa deve fechar cerca de 250 em cidades com mais de 50 mil habitantes. O objetivo dos Correios é economizar com aluguéis e otimizar os poucos recursos humanos disponíveis, em função de não realizar concursos públicos. Com isso, a empresa pretende aumentar o faturamento.

Em 354 anos do serviço postal no país, os Correios passam por um dos momentos mais críticos. Para reduzir o atraso nas entregas, todos os funcionários foram proibidos de exercerem o direito a férias e de fazerem horas extras no período de um ano. A medida foi comunicada aos funcionários este mês e vale até maio de 2018. No fim de 2016, o presidente Guilherme Campos anunciou que pretendia economizar entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão por ano com folha salarial com um plano demissional em que esperava ter a adesão de 8.000 trabalhadores da estatal.

Sindicato denuncia sucateamento da empresa

O Sintect-SC (Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafos e Similares de Santa Catarina) acredita que a empresa passa por um processo de sucateamento com o objetivo de privatização. Membro da diretoria executiva do sindicato, Thais Moreira informa que há o indicativo de greve para o fim de abril.

Cada agência fechada tinha uma função social. A empresa sempre teve a confiança dos brasileiros, mas com a falta de funcionários e com a frota de veículos sem manutenção estamos caminhando para o sucateamento. O foco deixou de ser as correspondências e passou a ser as encomendas, que são mais lucrativas”, disse. “A empresa é a única presente em todos os municípios e, por isso, é o principal canal do Brasil com o mundo, mas está com a imagem desgastada em virtude de tantos atrasos na entrega”, completou.

Hoje, os CDDs (Centros de Distribuição a Domicílios) e os CEEs (Centros de Entrega de Encomendas) viraram locais para a retirada de mercadorias. “Em cidades menores, como Santo Amaro da Imperatriz e Palhoça, por exemplo, já existe fila de pessoas buscando encomendas e correspondências antes do horário de funcionamento. Já tivemos até uma ocorrência policial no CDD de São José”, afirmou Thais.

Objetivo é organizar recursos técnicos e humanos

Por meio de uma nota da assessoria de imprensa, os Correios informaram que o atendimento será realocado em agências próximas, a fim de assegurar a qualidade da prestação dos serviços. Todos os empregados das unidades fechadas serão alocados em outras agências. “O projeto de fusão de agências é uma das ações que os Correios vêm implementando para reverter o cenário financeiro da estatal, visando garantir a manutenção e a qualidade dos serviços à sociedade. O objetivo da fusão é tornar a rede de atendimento mais eficiente e organizar melhor os recursos técnicos e humanos, trazendo ganhos reais para a empresa. No caso da rede de atendimento, a empresa realizou estudos técnicos que indicaram a necessidade de revisão da oferta de agências em algumas localidades, especialmente nos grandes centros urbanos, onde há diversas unidades próximas umas das outras”, diz a nota.

A assessoria também confirmou o corte das férias e das horas extras: “Em função da necessidade de redução de despesas dos Correios, a empresa está adotando medidas duras que impactam no dia a dia de todos os empregados, porém necessárias para a recuperação da empresa, como a suspensão das horas extras e das férias pelo período de 12 meses. A partir do momento em que a empresa voltar ao equilíbrio, essas questões serão revistas.”

Projeto de fusão

Florianópolis
Agência Aeroporto: 4 funcionários e 90 atendimentos diários, foi fechada no dia 1º de abril; unidade mais próxima: rua João Cancio Jacques, 49, Costeira do Pirajubaé

Agência Estreito: 9 funcionários e 208 atendimentos diários, fechará no dia 1º de junho; unidades mais próximas: rua Nossa Senhora do Rosário, 78, Jardim Atlântico, e rua Santos Saraiva, 469, Estreito

São José
Agência Centro Histórico: 5 funcionários e 90 atendimentos diários, fechará no dia 1º de maio; unidades mais próximas: av. Aniceto Zacchi, 363, Palhoça, e av. Lédio João Martins, 38, Kobrasol

Joinville
Agência Vila Nova: 3 funcionários e 100 atendimentos diários, fechará no dia 1º de maio; unidade mais próxima: rua Princesa Isabel, 394, Centro. (Michael Gonçalves, Notícias do Dia)