Caos no serviço de Correios e sua importância para a população

DDA e OAI são ferramentas para prejudicar os trabalhadores e a população

A empresa vem a tempos tentando de alguma forma prejudicar a população e trabalhadores com projetos ineficientes e sem planejamento, que visam apenas restringir ainda mais a entrega de objetos e cartas em todo país, criando uma nova regra de distribuição, somente a contratação de mais funcionários poderá solucionar os problemas que persistem nos Correios atualmente.

O serviço de Correios ou serviço postal, assim como queiram, é nada mais que a nacionalizar o direito à comunicação e, portanto, não deve estar sujeito de nenhuma maneira a interesses privados ou a uma eventualidade de mercado.

É detalhe importante, que deve ser enfatizado, é que, a Constituição prevê em seu artigo 21 que compete à União manter esse serviço. Tal determinação garante que os interesses da população ou sociedade de modo geral, sejam a norma crucial da gestão da atividade postal no Brasil, já que os governantes do País são representantes dos cidadãos, eleitos democraticamente, embora no último ano muita coisa mudou, governos caíram e, ataques aos direitos dos trabalhadores e da população nunca estiveram tão nítidos e fortes.

Acredito que exista mais 200 correios do mundo, sendo que em algumas empresas de serviço postal do mundo em que a iniciativa privada possui participação, o Estado é o acionista majoritário e controlador. Os países que privatizaram o serviço postal têm algo em comum: são nações pequenas em sua área geográfica e também populacional.

Em grandes países, de dimensões enormes, com grande população, como no caso é o Brasil, é fundamental a garantia de acesso de todos e todas, em todo território, aos serviços de comunicação, telefonia e principalmente serviços postais. O serviço postal brasileiro constitui-se em um dever do governo (ESTADO), cumprido pela Empresa de Correios e Telegráfos: presente em todos os 5.565 municípios.

Ao passar o serviço postal a cargo da iniciativa privada, não tenho dúvidas que apenas seria mantido os grandes centros que oferecem lucro garantido e as periferias, norte e nordeste seriam “esquecidos”. É bom destacar que o fato dos Correios ser uma empresa 100% pública, nada impede a modernização dos serviços e da empresa de Correios, desde que, garanta os direitos de seus funcionários. Processo pelo qual foi iniciado com a sanção da Lei 12.490/11, permitindo que a ECT diversifique seu leque de atividades. Podendo atuar no exterior e nos segmentos postais eletrônicos, financeiros e de logística integrada, além da telefonia, onde fora anunciado recentemente a oferta do serviço de telefonia móvel celular.

Todas essas ações contribuem para que os trabalhadores e sociedade ganhem uma empresa pública mais eficiente e com serviços adequados às necessidades atuais, porém, não vem sendo bem assim.  Até meados de 2012 a empresa lucrava mais de R$ 1 bilhão, mantendo assim intacto o maior patrimônio dos Correios: a credibilidade acumulada nos 350 anos de sua história.

Apesar de nos últimos anos, devido às más gestões na empresa, muitas indicações políticas, sem reposição e contratação de trabalhadores e um pouco de “intenção” mesmo de fazer cair a qualidade do serviço prestado à população. A ECT ainda é apontada como uma das instituições de maior confiança do brasileiro e liderando o mercado de encomendas expressas, de livre concorrência, mesmo competindo com gigantes multinacionais - DHL, Fedex, entre outras.

Nos últimos anos a direção dos Correios não vêm aproveitando as chances de modernização, reduziu o quadro de pessoal, não há perspectivas de realização de concurso público, continuamos na mesma política de indicações partidárias na direção da empresa, mesmo assim ela vem se mantendo 100% pública - em última instância, propriedade de cada cidadão brasileiro.

Apesar de todos os problemas, os trabalhadores dos Correios vêm se esforçando para manter um serviço de qualidade, mesmo diante de tanta omissão por parte da direção da ECT. É engraçado dizer isso, mas, ultimamente, os trabalhadores dos Correios estão mais preocupados com os clientes do que a própria direção. A empresa cortou as horas extras, não realiza novas contratações mediante concurso público, até mesmo as contratações temporárias acabaram. A direção dos Correios tem tentado de todas as formas e maneiras dificultar a vida de seus funcionários, mesmo assim, eles se mostram firmes e prestativos para prestar um serviço de qualidade a todo cidadão em todos os cantos do país.

As entidades sindicais e trabalhadores tem alertado constantemente sobre esse projeto nefasto que irá acabar com a entrega de cartas e encomendas diárias nas residências, o chamado DDA (Distribuição Domiciliária Alternada). Onde nem os Correios conseguem explicar para os trabalhadores como funcionará e nem tão pouco para a população, fazendo com que o carteiro entregue cartas 2 ou 3 vezes apenas por semana as correspondências nas residências, comércios, empresas e indústrias. A empresa insiste em querer justificar a crise e não contratação, implantando esse projeto sob alegação que é a última cartada para sanar a falta de funcionários, mas fica uma pergunta, há que custo?

Os Correios não estão se preocupando com a idade, saúde, peso e nem as condições de trabalho oferecidas aos seus funcionários. Está mais do que claro, de que onde os Correios implantou o projeto, a unidade não anda, as reclamações aumentam, a insatisfação piora e o acúmulo de cartas e encomendas nos setores tem só aumentado, então está mais do que claro o único objetivo desse projeto da empresa. Agora basta saber se iremos todos aguardar de camarote o desmonte total da maior empresa do país ou se vamos lutar pela manutenção da empresa de qualidade que por muitos anos foi e de nossos empregos e direitos.

Texto de Douglas Melo