Notícias sobre privatização dos Correios

Nota dos Correios sobre o tema

Na última quinta-feira, 18, a jornalista Cristiana Lobo divulgou em seu blog uma notícia que anunciava decisão do governo federal de privatizar os Correios. A nota dizia que o ministro da Economia, Paulo Guedes, havia convencido o presidente Jair Bolsonaro a incluir nossa empresa na lista de privatizações.

Ao longo da sexta-feira e do sábado, outros veículos nacionais repercutiram a notícia. Nas mídias sociais, surgiram diversas enquetes sobre o assunto. Percebeu-se, também, que vários robôs varreram a internet fazendo campanha pela privatização dos Correios. De outro lado, empregados e cidadãos defendiam a continuidade da empresa pública.

O presidente dos Correios, general Juarez Cunha, divulgou uma nota em sua conta no Twitter onde afirmou que não teve nenhuma sinalização do governo no sentido da privatização dos Correios. Destacou, ainda, que “não se trata apenas de vontade política da área econômica do governo” e que “existem questões jurídicas, técnicas e econômicas que precisam ser levantadas e discutidas.” Disse, também, que se esse debate vier de fato a ocorrer, a empresa vai apresentar todas as informações necessárias e demonstrar que os Correios, se bem geridos, são viáveis e que as medidas adotadas para saneamento e modernização da estatal já estão dando resultado.

Já no domingo, o tema continuava em pauta na imprensa, porém com outro tom. Segundo o ministro Marcos Pontes, o assunto deve ser mais bem estudado pela equipe técnica presidencial. Ele diz que a decisão deve ser baseada em fatos, números e em um plano de negócios bem estruturado, que leve em conta as necessidades estratégicas do país, o retorno para o governo e, principalmente, a garantia dos direitos dos empregados.

Desde o período eleitoral, a privatização das estatais brasileiras tem estado no radar. Após a posse, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu que os Correios não entrariam no pacote de privatizações nesse primeiro momento. Por isso, a notícia do fim de semana pegou a muitos de surpresa.

A grande maioria dos correios no mundo é gerida pelo governo. Apenas em poucos países, todos de dimensões reduzidas, o serviço postal está nas mãos da iniciativa privada, após um processo em que a desestatização do capital dos correios ocorreu gradualmente, juntamente com uma adequação da gestão e do entorno regulatório, com ampla discussão por todas as partes envolvidas. Naqueles países de extensão comparável à do Brasil, como Estados Unidos, China, Canadá, Rússia e Austrália, os correios são públicos e exercem o importante papel de integração.

A privatização pura e simples do correio brasileiro será ruim para todos, o país e a sociedade. Em 1997 a Argentina privatizou o serviço postal, trazendo enormes prejuízos para a população. A empresa teve seus ativos sucateados e em 2003 o governo teve que reassumir o serviço. Em outros setores da economia, muitos serviços são reestatizados, depois de privatizados, porque o processo foi mal planejado, sem levar em conta o interesse de todas as partes. Quase mil serviços caros e ruins foram reestatizados pelo mundo, segundo matéria do site UOL, de março.

O Brasil, que é formado por 5.570 municípios, tem apenas 324 com operações logística superavitárias. No restante, as operações são integralmente suportadas pela empresa, o chamado subsídio cruzado. Isto sem contar com qualquer recurso do Tesouro Nacional, pois os Correios são independentes financeiramente.

É pelos Correios que muitos negócios prosperam e que muita gente exerce sua cidadania, emitindo documentos, recebendo encomendas, pagando contas. São lugares onde a iniciativa privada não consegue e não tem interesse de atuar.

Ainda assim, os Correios encontraram seu equilíbrio econômico-financeiro e estão entre as estatais com melhor governança e transparência em 2018/2019. A solução para os Correios é modernizar a gestão, valorizar o mérito na política de pessoal e continuar a implementação de medidas para combater a influência política e ideológica na empresa.

Como se vê, argumentos não faltam para demonstrar porque é importante para o país manter os Correios como estatal. As empresas privadas visam apenas lucro. Já as empresas públicas têm um compromisso com o desenvolvimento da nação. Elas existem para isto.

Esta não será uma guerra fácil e terá que ser travada em vários campos de batalha, nos poderes executivo e legislativo. Mas disseminar informações corretas sobre o mercado em que atuamos e os riscos de uma privatização podem ajudar mudar a opinião da sociedade, que será a maior prejudicada com uma possível privatização dos Correios.

Precisamos nos unir neste momento e, mais do que declarar nosso amor por essa empresa, que todos certamente sentimos, vamos declarar nosso amor pelo Brasil, porque de Brasil a gente entende!