Ex-deputado federal, Guilherme Campos Júnior fala sobre os desafios para fechar 2017 no azul
Desde o meio do ano passado na presidência dos Correios, Guilherme Campos Júnior, de 54 anos, que já foi deputado federal por duas vezes, vem realizando ações para corte de gastos, visando colocar a casa em ordem, já que 2016 está fechando com um prejuízo perto de R$ 2,100 bilhões.
Os Correios tem hoje 6.500 agências próprias e mais mil franqueadas em todo o Brasil. Em Ribeirão Preto são 16 unidades com 710 funcionários. Na entrevista a seguir, Campos Júnior fala da sua visita e dos planos para fechar 2017 no azul. Isso inclui novos serviços, como parceria com telefonia móvel para vendas de chips e recargas e até o aumento no transporte de medicamentos.
Como está o seu envolvimento com a política?
Quem disser que está à frente dos Correios e não tem uma atuação política, está mentindo, porque eu atendo parlamentares, prefeitos, governadores, ministros. Isso faz parte do dia-a-dia do presidente e é uma empresa pública com 353 anos.
O senhor está há quantos anos na política?
Entrei na vida partidária em 2003.
Quando o senhor assumiu os Correios, no ano passado, já enfrentou um rombo de R$ 2,1 bilhões, referente a 2015. Quais são as mudanças que propõe para sanar esse prejuízo?
De 2002 até 2016, somente em três anos os Correios fizeram resultado financeiro positivo, 2007, 2008 e 2010. De 2014 para cá esse cenário piorou muito e 2016, que ainda não está fechado, apresenta prejuízo da ordem de R$ 2 bilhões. Os Correios em 2015 faturaram R$ 18,5 bilhões e teve um custo de R$ 20,6 bilhões. É muito pior que dívida. Dívida todo mundo tem, toda empresa tem, você tem que ter resultado para pagar dívida. Nos Correios não se paga. Uma constatação que aqui no Brasil o serviço modificou muito e decaiu também. Há quanto tempo você não envia uma carta? O cenário de hoje é muito diferente de 10 anos atrás. O Monopólio que os Correios tem hoje está acabando e é algo que não dá mais para se pagar a empresa.
Mas, por outro lado, cresceu o e-commerce e, automaticamente, o envio desses produtos...
Sim, o fim desse monopólio postal está dando uma oportunidade para o mundo que eu acho que é muito maior com a vinda dessa tecnologia, que é o e-commerce, o mundo das encomendas, mas é um mundo concorrencial, não temos o monopólio. Os Correios estão saindo da gênese monopolista e migrando para um serviço com concorrência. Precisa ter toda essa mudança que os Correios não se prepararam nos últimos 10 anos. Todas as empresas postais do mundo já se adaptaram e o meu desafio esse ano é fazer 10 anos em um.
E quais as ações para crescer no mercado de encomendas?
Já somos o líder, mas estamos perdendo participação neste mercado por conta da concorrência. Há 5 anos enviávamos quase 90% dos produtos, hoje se não fizermos nada vamos chegar a 70% desse mercado, queda de 20% na participação desse mercado. A primeira fase já estamos fazendo, que é o arranjo aqui dentro de casa, essa reestruturação, na segunda fase vêm os investimentos em tecnologia e automação de processos para que possamos entregar dentro da nossa qualidade.
E de onde virão esses valores para o investimento, já que os Correios vêm fechando no vermelho?
Temos que virar esse ano no azul, indo atrás de fontes de financiamento para permitir esses investimentos. Uma das opções são os fundos imobiliários, como o de Ribeirão Preto, colocando no fundo com a opção de recompra no futuro. É uma estratégia para ter recurso e fazer esse investimento. Ir atrás de investidores que queiram investir em tecnologia e pagamos no tempo.
O senhor cogitou a questão de franquear mais as unidades dos Correios, até para gerar lucro. Como está esse processo?
Hoje são mil franquias e 6.500 unidades próprias que estão nos planos para entrar em sistema de franquias em vários modelos. Pelo menos mais de mil unidades. O projeto que está para sair é o Micro Empreendedor Postal, é um modelo focado exclusivo para cidades mais pequenas, 80% das agências do Brasil são as que atendem cidades de pouco mais de três mil habitantes. Antes o grande centro financiava o pequeno, hoje não, por isso estamos buscando esse novo modelo.
Ribeirão Preto tinha 17 agências e agora, no começo do ano, foi fechada a que fica dentro do Poupatempo. Tem previsão de mais fechamentos?
Não. Hoje estamos com 16 unidades, sendo oito franqueadas. Pode ser que se aumente o número de franquias dessas já existentes. O que estamos fazendo em grandes centros é otimizar agências. Onde tem superposição de agências, uma fecha. A unidade do Poupatempo foi uma questão do que era cobrado para os Correios estar lá e pelo movimento que tínhamos lá dentro não compensava.
E a questão da demissão voluntária que o senhor lançou, que é o Processo de Desligamento Incentivado. Deu certo?
Até semana passada eram 2.700 colaboradores que aderiram. A meta é que seis a oito mil pessoas entrem nesse processo, veremos a próxima semana ainda, mas acho que chegamos a cinco mil.
E de quanto já está a economia com esses que já adeririam à demissão voluntária?
Hoje, quase R$ 400 milhões de economia no ano, só com esses.
Hoje o número de agências e funcionários dos Correios é suficiente?
Isso é a população e o governo quem tem que responder. Vocês querem uma agência em cada município brasileiro? Se quiserem vai ter que ter um aporte, um fundo para poder financiar essas agências em comunidades menores e mais remotas, as franquias seriam uma opção. A atividade hoje não consegue subsidiar esse modelo.
A sua visita a Ribeirão Preto. Qual o motivo?
O interior é a única das regionais que o faturamento com as encomendas é maior que o faturamento com postagens de cartas. Essa possibilidade de vir e dizer tudo o que estou te falando para a nossa turma, é por isso que estou aqui hoje.
O senhor gosta deste desafio frente aos Correios?
Está animado. Não esperava chegar em uma casa tão desarrumada. Confesso que me surpreendeu e muita gente fica brava e questiona como que eu fico falando que está tão desarrumada. Se você quer achar que uma empresa que faz mais de R$ 2 bilhões de prejuízo tem uma casa arrumada, essa conversa está desfocada. Me surpreendi com a qualidade das pessoas que trabalham aqui, mas a gestão foi deixada de lado há muito tempo.
Os Correios tem hoje 6.500 agências próprias e mais mil franqueadas em todo o Brasil. Em Ribeirão Preto são 16 unidades com 710 funcionários. Na entrevista a seguir, Campos Júnior fala da sua visita e dos planos para fechar 2017 no azul. Isso inclui novos serviços, como parceria com telefonia móvel para vendas de chips e recargas e até o aumento no transporte de medicamentos.
Como está o seu envolvimento com a política?
Quem disser que está à frente dos Correios e não tem uma atuação política, está mentindo, porque eu atendo parlamentares, prefeitos, governadores, ministros. Isso faz parte do dia-a-dia do presidente e é uma empresa pública com 353 anos.
O senhor está há quantos anos na política?
Entrei na vida partidária em 2003.
Quando o senhor assumiu os Correios, no ano passado, já enfrentou um rombo de R$ 2,1 bilhões, referente a 2015. Quais são as mudanças que propõe para sanar esse prejuízo?
De 2002 até 2016, somente em três anos os Correios fizeram resultado financeiro positivo, 2007, 2008 e 2010. De 2014 para cá esse cenário piorou muito e 2016, que ainda não está fechado, apresenta prejuízo da ordem de R$ 2 bilhões. Os Correios em 2015 faturaram R$ 18,5 bilhões e teve um custo de R$ 20,6 bilhões. É muito pior que dívida. Dívida todo mundo tem, toda empresa tem, você tem que ter resultado para pagar dívida. Nos Correios não se paga. Uma constatação que aqui no Brasil o serviço modificou muito e decaiu também. Há quanto tempo você não envia uma carta? O cenário de hoje é muito diferente de 10 anos atrás. O Monopólio que os Correios tem hoje está acabando e é algo que não dá mais para se pagar a empresa.
Mas, por outro lado, cresceu o e-commerce e, automaticamente, o envio desses produtos...
Sim, o fim desse monopólio postal está dando uma oportunidade para o mundo que eu acho que é muito maior com a vinda dessa tecnologia, que é o e-commerce, o mundo das encomendas, mas é um mundo concorrencial, não temos o monopólio. Os Correios estão saindo da gênese monopolista e migrando para um serviço com concorrência. Precisa ter toda essa mudança que os Correios não se prepararam nos últimos 10 anos. Todas as empresas postais do mundo já se adaptaram e o meu desafio esse ano é fazer 10 anos em um.
E quais as ações para crescer no mercado de encomendas?
Já somos o líder, mas estamos perdendo participação neste mercado por conta da concorrência. Há 5 anos enviávamos quase 90% dos produtos, hoje se não fizermos nada vamos chegar a 70% desse mercado, queda de 20% na participação desse mercado. A primeira fase já estamos fazendo, que é o arranjo aqui dentro de casa, essa reestruturação, na segunda fase vêm os investimentos em tecnologia e automação de processos para que possamos entregar dentro da nossa qualidade.
E de onde virão esses valores para o investimento, já que os Correios vêm fechando no vermelho?
Temos que virar esse ano no azul, indo atrás de fontes de financiamento para permitir esses investimentos. Uma das opções são os fundos imobiliários, como o de Ribeirão Preto, colocando no fundo com a opção de recompra no futuro. É uma estratégia para ter recurso e fazer esse investimento. Ir atrás de investidores que queiram investir em tecnologia e pagamos no tempo.
O senhor cogitou a questão de franquear mais as unidades dos Correios, até para gerar lucro. Como está esse processo?
Hoje são mil franquias e 6.500 unidades próprias que estão nos planos para entrar em sistema de franquias em vários modelos. Pelo menos mais de mil unidades. O projeto que está para sair é o Micro Empreendedor Postal, é um modelo focado exclusivo para cidades mais pequenas, 80% das agências do Brasil são as que atendem cidades de pouco mais de três mil habitantes. Antes o grande centro financiava o pequeno, hoje não, por isso estamos buscando esse novo modelo.
Ribeirão Preto tinha 17 agências e agora, no começo do ano, foi fechada a que fica dentro do Poupatempo. Tem previsão de mais fechamentos?
Não. Hoje estamos com 16 unidades, sendo oito franqueadas. Pode ser que se aumente o número de franquias dessas já existentes. O que estamos fazendo em grandes centros é otimizar agências. Onde tem superposição de agências, uma fecha. A unidade do Poupatempo foi uma questão do que era cobrado para os Correios estar lá e pelo movimento que tínhamos lá dentro não compensava.
E a questão da demissão voluntária que o senhor lançou, que é o Processo de Desligamento Incentivado. Deu certo?
Até semana passada eram 2.700 colaboradores que aderiram. A meta é que seis a oito mil pessoas entrem nesse processo, veremos a próxima semana ainda, mas acho que chegamos a cinco mil.
E de quanto já está a economia com esses que já adeririam à demissão voluntária?
Hoje, quase R$ 400 milhões de economia no ano, só com esses.
Hoje o número de agências e funcionários dos Correios é suficiente?
Isso é a população e o governo quem tem que responder. Vocês querem uma agência em cada município brasileiro? Se quiserem vai ter que ter um aporte, um fundo para poder financiar essas agências em comunidades menores e mais remotas, as franquias seriam uma opção. A atividade hoje não consegue subsidiar esse modelo.
A sua visita a Ribeirão Preto. Qual o motivo?
O interior é a única das regionais que o faturamento com as encomendas é maior que o faturamento com postagens de cartas. Essa possibilidade de vir e dizer tudo o que estou te falando para a nossa turma, é por isso que estou aqui hoje.
O senhor gosta deste desafio frente aos Correios?
Está animado. Não esperava chegar em uma casa tão desarrumada. Confesso que me surpreendeu e muita gente fica brava e questiona como que eu fico falando que está tão desarrumada. Se você quer achar que uma empresa que faz mais de R$ 2 bilhões de prejuízo tem uma casa arrumada, essa conversa está desfocada. Me surpreendi com a qualidade das pessoas que trabalham aqui, mas a gestão foi deixada de lado há muito tempo.
Por Juliana Rangel - A Cidade
COMENTÁRIOS